Em 1980, o final da linha para o icónico Renault Estafette abriu o caminho e a porta de sucesso para o modelo Trafic. 40 anos depois, os cada vez mais reduzidos custos de utilização, a cada vez maior versatilidade, a otimização do espaço interior e carga, bem como constante inovação tecnológica continuam a trilhar o caminho do êxito. Parabéns Renault Trafic!
O Renault Trafic é um sucesso comercial: 2 milhões de unidades vendidas, desde o seu lançamento, em 1980! Em 2019, 103.234 veículos foram vendidos em mais de 50 países em todo o mundo, o que associado aos restantes veículos comerciais ligeiros da gama Renault, Kangoo e Master, colocam a Renault em primeiro lugar no mercado europeu deste tipo de veículos (excluindo pick-ups), desde 1998. Mas a equação do sucesso, está longe de passar apenas pela grandeza dos números…
Mais do que um expressivo algarismo matemático, o êxito do Renault Trafic representa a confiança e cumplicidade dos utilizadores do modelo, vocacionado, maioritariamente, para a vertente profissional e do negócio.
Está na hora de “mergulhar” na história das quatro décadas de êxito do modelo, que, mais do que um simples veículo de transporte de passageiros ou mercadorias, sempre soube criar uma relação de profunda empatia e cumplicidade com os seus utilizadores…
Renault Trafic I (1980-2000)
Quando, depois de 22 anos fiéis serviços, o Renault Estafette terminou a carreira, no arranque da década de oitenta, o segmento dos veículos comerciais ligeiros estava pronto para entrar numa nova fase. A exigência dos negócios era cada vez maior e a ela associava-se a cada vez mais rápida exigência no transporte de mercadorias, a cada vez maior necessidade de capacidade de volumetria de carga, bem como do bem-estar e conforto a bordo, ou seja… o “palco” ideal para a entrada em cena do Renault Trafic!
Lançado em setembro de 1980, o Trafic modernizou, desde logo, o conceito de veículo comercial ligeiro, com as formas distintas, onde sobressaía a frente elegante e inclinada, algo diferente do formato de carroçaria mais tradicional entre os veículos comerciais ligeiros.
Igualmente diferente era a secção dianteira do Trafic, de acordo com as suas motorizações. Surpreendente? Não. Apenas uma questão de necessidade, uma vez que enquanto ao motor a gasolina de 1397 cm3 bastava uma grelha de proteção e refrigeração frontal plana, para o motor a gasolina de 1647 cm3 e para o diesel de 2068 cm3, a grelha de plástico “esticava-se” para fora da carroçaria, obrigando também a aumentar o volume dos para-choques dianteiros.
Ao longo das duas décadas de existência, a primeira dinastia do Renault Trafic contou com uma grande variedade de motorizações, a gasolina e diesel. No primeiro caso, versões de 1397 cm3, 1647 cm3, 1721 cm3, 2165 cm3 ajudaram a glorificar a história do modelo, mas não tanto como as motorizações diesel, com 2068 cm3, 2068 cm3 (turbo diesel), 2445 cm3 e 2499 cm3, responsáveis por oferecerem autênticas maratonas de quilómetros aos utilizadores que por elas optavam.
Mas se o desempenho dinâmico foi sempre um fator importante para a Renault (mesmo num segmento como o dos veículos comerciais ligeiros), a versatilidade disponibilizada em termos de opções de carroçaria não podia receber menor atenção, desde o lançamento. Variantes com carroçaria fechada, vitrificada, de teto elevado, cabine prolongada, mas também as populares autocaravanas ou carroçarias especialmente apetrechadas para responderem aos desafios de diversas forças de segurança ou unidades especiais ajudaram igualmente a celebrizar e dar um cunho especial à primeira geração do Trafic.
Na prática, onde havia um objetivo a concretizar, o Renault Trafic podia ser visto como um forte aliado para o atingir: fosse ele transportar uns simples jarrões de cerâmica ou caixas de fruta, entregar um generoso volume de correspondência dos correios, acomodar uma corporação de bombeiros ou força antimotim, viajar de férias em família ou até servir de transporte funerário.
Na verdade, espaço era sempre coisa que não faltava, com cargas úteis que podiam variar entre os 800 e os 1400 kg, correspondentes a um peso bruto de 2,1 a 3 toneladas.
Uma versão de tração integral, introduzida em 1984, especialmente adequada para a progressão em terrenos mais difíceis, deu o carácter ainda mais versátil ao primeiro Renault Trafic, através de um sistema 4x4 (herdado do Renault 18 4x4 Break).
Com nove anos no ativo e bem vividos, a Renault ofereceu ao Trafic o seu primeiro “restyling” em 1989, com melhorias estéticas rejuvenescedoras no painel dianteiro e para-choques mais arredondados, entre outros elementos, de onde também se salientava um novo tablier ao nível do interior.
Tudo antes de nova “injeção de revitalização”, com a conclusão do último “facelift” da primeira série Trafic, em 1995, que incluiu uma nova grelha dianteira, um novo desenho de luzes traseiras e o aumento do tamanho dos espelhos retrovisores duplos. A estas mudanças, associou-se ainda, no interior, um novo painel de bordo mais moderno e assentos com múltiplos ajustes, capazes de oferecerem ainda maior conforto a condutor e passageiros.
Renault Trafic II (2000-2014)
A segunda geração do Renault Trafic “viveu” entre 2000 e 2014 e o novo ciclo de vida permitiu modernizar o seu design. Uma configuração de cabina ligeiramente arredondada no teto, em contraponto com o restante “corpo” mais “quadrado”, causava sensação, numa imagem que mantinha a identidade de outros modelos Renault, mas que que “respirava” jovialidade com os novos faróis monobloco (que integravam os “piscas” tipo cristal) e um novo e mais refinado desenho da grelha frontal.
À retaguarda, o alongamento vertical das óticas traseiras ajudou a aperfeiçoar, tanto o estilo, como a funcionalidade prática, com a possibilidade da mais ampla abertura de portões traseiros, fruto também de uma carroçaria mais larga, que permitiu novas e mais generosas volumetrias interiores.
No habitáculo, a evolução também foi notória, com novos ambientes apoiados numa mais elevada qualidade dos materiais e acabamentos. Bastará dizer que à conceção do posto de condução foi dedicada particular atenção, para que fosse possível conjugar habitabilidade, funcionalidade e superior conforto de condução, bem visível, por exemplo, na colocação da alavanca do comando da caixa de velocidades, que passou a estar integrada no painel de bordo, ou na inclusão de numerosos e mais ergonómicos espaços de arrumação.
A mudança também teve reflexos no nível de equipamento de segurança, bastante acrescido face à primeira geração do Trafic. Por exemplo, era já possível contar com acendimento automático dos faróis, função de iluminação de acompanhamento, limitador de velocidade, bem como uma nova geração de sistema de navegação, só para referenciar alguns exemplos.
Em prol da segurança, também os dispositivos de assistência à condução (como o sistema de assistência à travagem de urgência, o limitador de velocidade, o trancamento automático das portas em andamento, a desativação do airbag do passageiro, os para-brisas com limpeza automática e sensor de chuva ou o acendimento automático dos faróis) tornavam o Trafic tão seguro em viagens de curta distância, como de média ou longa quilometragem.
Com tudo isto e uma invejável versatilidade, onde sobressaíam versões desde três lugares (com todo o espaço traseiro disponível para carga) até nove lugares, disponíveis com uma ou com duas portas laterais deslizantes para facilitar o acesso, o “ponta-de-lança” da Renault para o transporte de mercadorias ou passageiros, só podia ser bem-sucedido.
Um mérito alcançado pelo departamento de design corporativo da Renault do Technocentre que projetou o modelo, mas cujos louros dividiu com a Opel/Vauxhall e a Nissan, que também produziram o modelo adaptado à sua imagem (com os nomes de “Vivaro” e “Primastar”, respetivamente), naquela que se mostrou uma parceria de sucesso, prolongada no “facelift” do Trafic de 2006 e que manteve o modelo na rota do êxito até ao verão de 2014, altura em que cessou a produção.
Renault Trafic III (2014)
Foi então em 2014 que o Renault Trafic iniciou o terceiro capítulo da sua história, operando uma evolução, mas não uma revolução. Afinal em “equipa que ganha, (pouco) se mexe!”. O estilo da carroçaria regressou a formas mais “quadradas”, mas, nem por isso, conservadoras.
Aliás, a modernidade do estilo evidenciava-se, desde logo, numa secção dianteira totalmente revista (com grelha e losango Renault de dimensões generosas e óticas com novo desenho totalmente original), enquanto o para-brisas passava a ter uma inclinação superior, com benefícios aerodinâmicos.
Já a secção lateral, ganhava novos contornos, com dobras “corporais”, capazes de enfatizar o estilo elegante e contemporâneo, mas sem perder a imagem de robustez que, afinal, há 40 anos caracteriza o modelo.
Atrás do eixo traseiro, o Trafic cresceu 11 centímetros, em comprimento, o que o tornou ainda mais prático e lhe deu uma capacidade de carga superior (com volumes úteis entre os 3,2 e os 8,6 m3), mesmo se manteve a altura, a largura, bem como as dimensões de aberturas de portas.
Mais do que as suas medidas, o seu principal trunfo, a versatilidade, foi reforçado, com nada menos do que 270 versões (275 a partir de 2019), onde se incluiram as múltiplas variantes de chassis (versões van, de alturas diferentes e comprimentos diferentes, mas também uma luxuosa versão “SpaceClass” (https://bit.ly/3bLLvKT), autêntico salão móvel para transporte de passageiros. Veículos especialmente transformados, “feitos à medida” das necessidades profissionais das empresas (com câmara frigorífica ou caixa basculante) também integram as opções da atual geração do Trafic, num hino à flexibilidade móvel!
Também no habitáculo, as melhorias foram evidentes e ainda mais aprumadas no Phase II (ou “facelift”) do Trafic, introduzido pela Renault em 2019. Todos os detalhes foram pensados para melhorar a experiência dos ocupantes, mostrando a última versão do modelo já um elevado grau de conectividade.
Aliás, tendo ao serviço plataformas digitais tecnologicamente avançadas como os sistemas R-Link Evolution e Media Nav Evolution de ecrã multitoque e compatibilidade com Android Auto™ e Apple CarPlay™, o Trafic está hoje preparado para desempenhar as funções de escritório móvel. Tanto mais que soluções práticas como mesa para escrever com uma mola para folhas, suportes para smartphone e tablet, bem como diversos compartimentos de arrumação (num total de 90 litros de volume), facilitam a realização de tarefas profissionais a bordo.
Dinamicamente, a imagem de um veículo comercial pesado, lento e incapaz de proporcionar agradabilidade na condução, própria das viaturas deste segmento na década de 80, perdeu-se em definitivo. Se o Trafic II já tinha ganho reputação de bom estradista, o Trafic III elevou a fasquia, adicionando ao maior conforto, segurança e eficiência de transporte, prestações plenamente satisfatórias, a par de reduzidos consumos.
Os motores, cada vez mais desenvolvidos tecnologicamente - primeiro o bloco 1.6 dCi e atualmente o 2.0 dCi (cuja versão mais potente atinge os 170 cv de potência e 380 Nm de binário) – contribuíram, definitivamente, para a mais valia dinâmica do modelo. E até a opção da moderna caixa automática EDC de 6 velocidades e dupla embraiagem, tornam agora a condução ainda mais confortável e prazerosa, sobretudo, em ambiente urbano.
Inspiração e sucesso
Curioso é o facto de, independentemente da geração, o Renault Trafic ter servido sempre de motivo inspiracional, assumindo outras identidades menos conhecidas em diversas partes do globo. Foi o caso do “Opel/Vauxhall Arena”, do “Chevrolet Trafic”, do “Chevrolet Space Van”, do “Winnebago LeSharo”, do “Inokom Permas” e do “Tata Winger”, todos nascidos com base no Renault Trafic.
Olhando para trás e fazendo uma viagem de 40 anos, é fácil verificar que, em qualquer das suas gerações, o Renault Trafic foi, e continua a ser, indissociável do sucesso profissional de muitas empresas ou corporações, tendo conquistado o seu lugar na história dos veículos comerciais de mercadorias e de passageiros, mas também no coração de muitos particulares que o souberam aproveitar para fins lúdicos e que tantas “estórias” viveram com este modelo.
Passado e presente de boas memórias e… agora que venha o futuro e, pelo menos, mais 40 anos de Trafic!